Transcrição completa do artigo que escrevi para a última edição da revista Parq: O que faz de nós verdadeiramente humanos? Será a nossa capacidade para raciocínios elaborados ou antes para emoções extremas? Para amar, sofrer, e, sobretudo, odiar? É esta questão primordial que Naoki Urasawa, o mais premiado autor japonês de BD dos últimos 20 anos, coloca no seu mais recente épico, «Pluto». Num futuro indeterminado, humanos e robôs coexistem pacificamente num plano de aparente igualdade, graças a legislação criada ao longo dos anos que confere aos robôs direitos e garantias comparáveis às de qualquer cidadão. É então que os robôs mais sofisticados e poderosos do planeta, assim como activistas humanos dos direitos dos robôs, começam a ser misteriosamente eliminados e o Agente Gesicht, da Europol, ele próprio um desses robôs, é encarregado da investigação desses crimes. Numa visão simplista, “Pluto” (Plutão, o deus romano da morte), é um remake e a simplicidade aparente da trama é ...