Arte-finalizar o Rei, Jack "The King" Kirby, é uma óptima forma de aquecer a mão, antes de me dedicar às páginas do "Mucha" (Mucha? Mas que raio é isso, perguntam vocês...). Tinta da china sobre fotocópia de uma fotocópia da página original a lápis, tal como publicada no excelente "Jack Kirby Collector". Estas três vinhetas pertencem a uma das muitas páginas do Thor de Kirby que nunca chegaram a ser publicadas, devido a correcções ou alterações solicitadas pelo guionista e editor de então da série, Stan Lee.
Um velho dito na indústria de comics da época resumia tudo: "Anyone can ink Kirby"; o que é verdade, desde que esse anyone tenha o mínimo de engenho, experiência e profissionalismo. O lápis de Kirby era incrivelmente poderoso e detalhado, pelo que a melhor opção é claramente não inventar e avançar para as linhas com o pincel bem carregado de tinta, para capturar toda a energia bruta do lendário criador. Quem tentar arte-finalizar Kirby com uma caneta técnica estilo Sakura 0.1, vai "borrar a pintura" completamente, matando a vida presente nas páginas de Jack Kirby.
Dito isto, fica a pergunta: como é possível então que tantas vezes ao longo da sua carreira, o lápis de Kirby tenha sido abastardado por verdadeiros "padeiros" que assassinavam em absoluto a sua arte? Por cada arte-finalista de excepção como Joe Simon, Joe Sinnott ou Mike Royer, surgiam dois ou três dos tais "padeiros", alguns deles ilustradores mais do que competentes, mas que pareciam não compreender de todo o que fazia da arte de Jack Kirby algo ímpar e inigualável. Chic Stone, Paul Reinman, George Roussos, Don Heck, D.Bruce Berry ou o "bipolar" Vince Colletta (capaz do melhor e do inenarrável) raramente prestavam a Kirby o serviço que ele merecia.
Eu sou um amador. E a deles, qual era a desculpa?
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