Grassa o hábito enervante em Portugal de se procurar transformar poesia – ou meras aspirações poéticas - em banda desenhada (ou ilustrações, mais ou menos sequenciais, que alguns julgam poder designar de banda desenhada). Assiste-se esse pleno direito aos seus autores ou adaptadores; isso nem se discute. Discute-se, sim, a qualidade mais do que questionável da esmagadora maioria dessas tentativas, mesmo que surjam sempre meia-dúzia de iluminados a proclamar a genialidade da coisa. Sim, porque bastas vezes é de uma “coisa” que se trata, sem qualquer ponta de genialidade ou, sequer, qualquer ponta de qualidade estética, artística e literária. Em resumo, sem qualquer ponta por onde se lhe pegue. O problema é claro: se um bom poema não garante, obviamente, uma boa banda desenhada, então um mau poema descambará quase certamente numa péssima banda desenhada; pior, descamba muitas vezes numa não-banda desenhada. Para agravar a coisa (lá volto eu à “coisa”), parte significativa destas intençõ...